13 dezembro 2010

Agora temos uma birura em casa!



Hoje foi um dia bom. Estamos na época do natal, apenas algumas semanas do fim do ano e a Marinês acordou com vontade de ir à feirinha do Largo da Ordem. Achei uma boa idéia e convidei também a Jaqueline e Dave, um casal amigo nosso. O Dave é inglês e a mãe dele, Janie, esta passando alguns dias no Brasil, visitando o filho e sua neta Clara. A Marinês também ligou pra Dona Inês e o Seu Israel, pais dela, e nos encontramos todos em frente ao Cavalo Babão.

Tomamos cerveja e comemos uma moqueca enquanto a Marinês e a mãe dela passavam pela feira. Passando pelas barracas, vi uma que vendia birutas, lindas, em formato de peixes coloridos. Não andei muito, pois eu estava mesmo era indo em direção ao restaurante, pois o calor era muito e eu queria bater um papo com o Dave, que tinha acabado de comprar um carro igual ao meu. Comprei uma grande e colorida. Há um bom tempo estava querendo colocar uma em casa, pois em Quatro Barras o vento é abundante e muda de direção várias vezes ao dia. Gostaria de mostrar para o Victor e ensiná-lo a perceber as mudanças da natureza.

Voltamos para casa no inicio da tarde e a Marinês foi tirar uma soneca. Tentei acompanhá-la, mas o Victor estava pilhado e não nos deixava dormir. Decidi levar ele para o deck, pois ele mesmo pediu para ficar na rede vendo o céu, coisa que fazemos frequentemente. Às vezes, quando a noite está quente, aconchego o Victor na rede, e ficamos olhando as estrelas e conversando, ele tem muito papo para uma criança de apenas quatro anos.

Tomamos sorvete, dividindo a colher e a mesma caneca, brincamos com os pingos da chuva rolando pelo tecido da rede como pequenas bolinhas de gude cromadas. A chuva ia e vinha e numa dessas idas, lembrei da biruta. Decidi instalá-la num mastro que fosse mais alto do que a nossa casa.

Munidos de um facão, o Victor e eu, seguidos de perto pela cadela Kira, que adotou nossa casa sem cerca como lar, temporariamente espero, partimos em busca do nosso mastro. Encontramos um eucalipto perfeito a apenas 50 metros de casa. Novo, com uns oito metros de altura e reto. Mostrei pro Victor e decidimos juntos que aquela árvore se transformaria no nosso mastro. Entramos no mato, derrubamos o eucalipto com o facão, carregamos até nosso jardim, tiramos os galhos, cortamos a base, para que ficasse reta e tiramos a casca, pois sem a casca a madeira dura muito mais. Não foi difícil, pois com a árvore verde a casca sai super fácil. O Victor participou ativamente de todo o processo.

Foi nessa hora que a Marinês acordou e chegou no jardim. A chuva continuava a ir e vir, mas como estava calor, nem ligamos, e estávamos meio molhados, eu e o Victor. Finalizamos o trabalho com o mastro e ele já estava pronto para ser instalado. Com o martelo, coloquei um prego grande na ponta mais fina do mastro e nele amarrei a biruta, com um fio de couro que a Marinês forneceu. Chegou a hora de levantar nosso mastro e amarrá-lo a um dos troncos que sustentam o deck da nossa casa. Isso foi um trabalho para a família toda. Levantamos e enquanto a Marinês segurava, e o Victor brincava com a corda, amarrei bem firme.

Pronto! Agora temos uma biruta. Tiramos fotos e o sentimento do trabalho finalizado foi realmente muito bom. De ter feito tudo na companhia do Victor, mostrando num exemplo prático de um trabalho realizado desde a concepção da idéia até a sua finalização, passando por todas as etapas. Algumas fáceis, outras difíceis. Lembro dele perguntando como vamos derrubar a árvore, ou e agora, como vamos carregar? E a cada pergunta, uma resposta prática. Falamos do cheiro da madeira, do formato da folhas, do peso do tronco, do vento, da chuva, de como cortar a madeira, de como tirar a casca e como tronco ficava liso e gosmento. Perfeito. Hoje me senti um grande pai e me lembrei do meu pai, que me proporcionou muitos aconchegos na rede e algumas lições como esta.

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